Trilheiros

Equipe Trilhar Saúde e Aventura 
Seus Membros e Suas histórias 


JOEL RIOS


" Pedalo por distracção, por diversão, para desfrutar da Natureza, para apreciar a paisagem, para ouvir o canto dos pássaros, e assim reencontrar a alegria de viver, a saúde da alma e do corpo. Esta é a essência e a autenticidade por detrás do simples acto de andar de bicicleta! 

Cada um pedala no seu mundo de sonhos, de esperanças, motor de sensações físicas e emocionais, veículo de sensações de liberdade, de prazer, anti-depressivo por excelência e nivelador da ansiedade. É uma terapia, que pode ser de grupo ou individual, permanecendo todavia algo de pessoal. Mas não tem que ser solitário.

Pedalo por gosto e ao sabor do que me apetece. O meu bem estar não se compadece do turismo compreendido da forma cómoda e comodista como a maioria dos mortais o concebe. Nem tão pouco procuro realizar marcas pessoais ou tempos dignos de nota, corridas contra o tempo ou contra o relógio. O meu relógio detém-se quando bem quero e sempre que o considero necessário, para observar a paisagem e desfrutá-la a meu belo prazer, sem pressas, sem público ou espectadores, mas com os amigos verdadeiros por companhia. Até o ritual repetitivo de puxar por uma barra energética e mastigá-la diante de uma bela paisagem, é inigualavelmente mais satisfatório do que ir ao melhor restaurante que conheço!

Pedalar verdadeiramente não exige velocidades, nem prémios, pois o prémio está em cada pedalada e em cada obstáculo superado. Não interessa quantos quilómetros se percorre, nem em quanto tempo, mas sim como se percorrem e por onde.

O melhor e o mais aliciante são os imprevistos, os elementos da Natureza a fazerem surpresa e a mostrar quem põe as cartas na mesa! Uma chuvada repentina traz consigo a força de carácter e a coragem para continuar; um calor abrasador exige de nós perseverança e espírito de sacrifício. Pedalar à chuva e ao vento, ao sol e pela noite dentro, fortalece e endurece, mostra o verdadeiro trilho a seguir e metas mais altas a atingir.

Pedalar, na verdade, começa muito antes da primeira pedalada. Começa com a preparação dos itinerários, com o estudo dos mapas e altimetrias, com a troca de impressões, com a reunião de informação, estudo dos locais, onde e como dormir ou comer,  preparação da bicicleta e treino específico.

Pedalar é mais do que uma atividade física. É uma certa filosofia de vida e força anímica. No fundo, é uma comunhão entre o homem e a máquina. Equivale a liberdade e independência, auto-suficiência. Pedalar ajuda-nos a redescobrir sensações há muito adormecidas dentro de nós. É uma fonte inesgotável de sensações diversas, para todas as idades e todos os gostos.

Não há metas nem limites, apenas estímulos sãos, em harmonia com as capacidades de cada um. A bicicleta é importante, mas muito mais importante é quem a conduz, o que move o ciclista. O que me move?


Move-me a vontade de não estar parada à espera de qualquer coisa. Move-me o ânimo de saber que todas estas sensações já ninguém mas poderá tirar… 

Parar registro quero aqui informar que pedalo por pedalar desde os meus 4 anos de idade, recordo-me que ganhei minha primeira bicicleta de uma tia (Michele), de Ipirá a Santaluz, meu pai levou este presente para que lá pudesse conhecer este mundo do pedal. Meu grande amigo que a muito tempo não o vejo, 'Cassinho, filho de Lulu e Dona Justina', este que era meu auxilio em pedaladas, aproveitamos o declive ao lado da sua casa, ele colocando as mãos em minhas costas saia me empurrando, conseguia no máximo andar 3 a 5 metros para cair no chão, momentos inesquecíveis estes o qual chegava em casa sangrando do dedo do pé ao ombro (risos), porque sempre caia e levantava-me para outro incidente. Assim, começou minhas primeiras pedalas. E, ao longo do tempo, com ajuda de meus pais, primos, tios e amigos não perdia uma oportunidade ao sair e levar minha bicicleta para pedalar. Recordo-me do período natalino o qual ganhava este presente, me recodor de Marlon, que também me ajudou bastante com o desenvolvimento deste aprendizado. Enfim, ao passar dos anos, fui conhecendo tanta gente que puderam contribuir com esta vida que tenho hoje sobre duas rodas.

Esta é minha história, este é meus motivos. "

Joel de Oliveira Rios Neto

Acadêmico de Medicina



JOÃO GARCIA



Minha autobiografia ciclística.

Olá! sou João Garcia, filho do Sr. João Lima da Mota (in memorian) e de Dona Gilda Máxima Garcia. Trabalhei desde os 7 anos de idade e era bom em realizar tarefas, principalmente se nessa tarefa tivesse que usar a bicicleta. 

A minha história com as bikes começa bem cedo, quando tinha 5 anos, mesmo não sabendo pedalar. O meu pai era pescador por laser e me levava para pescar em sua Monark barra circular, adorava a parte ruim era quando a pescaria a noite. Lembro-me de um episódio que estava  observando ele pescar nas margens do manancial, dormir e ao despertar tinha algo frio e pesado sobre o meu peito, levei um "baita" susto,  era um sapo Cururu que não tinha mais tamanho, o susto, lembro até hoje.

O meu pai tentou me ensinar a pedalar quando tinha 07 anos. Um certo dia estava me ensinando, eu conduzia a magrela com a ajuda dele, pois, ainda não tinha o equilíbrio suficiente.  Confiante que ele estava ali mim conduzindo, de repente numa reta senti a bike leve e o giro do pedal pelas pontas dos pés respondia bem quando olhei para trás, percebi que ja estava a mais de 100 metros de distância, quase não acreditei que estava sozinho na magrela, porém o medo falou mais alto, perdi o equilíbrio e levei o meu primeiro tombo, cai de cara na areia que até hoje sinto o gosto. Por conta disso eu fiquei um bom tempo longe da magrela. Não consegui resistir longe dela, venci o trauma, e enquanto meu pai dormia, eu aproveitava dava umas roubadinhas na magrela dele, e assim sozinho comecei a descobrir ela. 

Depois era só alegria, todos os dias enquanto meu pai dormia eu Aproveitava a magrela e ficava mais prático. Quando ele descobriu ficou feliz e começou a determinar tarefas, em especial ir ao centro da cidade comprar cigarros. Foi ai que ele se sensibilizou e comprou minha primeira magrela. Foi uma Monark circular reformada, e eu  fui logo customizando, coloquei uns discos de acrílico nos cubos, troquei o guidom, retirei o para-lama trazeiro e o porta corrente ( esse ultimo irritava-me com o "batuque" da corrente). 

Com um tempo depois já na pré adolescência, já estava indo comprar café moído e pão no centro da cidade, além do cigarro do meu pai. Foi realizando uma dessas tarefas, que decidir arriscar e soltei as mãos,  tudo ia muito bem, até que a catraca da bicicleta de repente travou me arremessando bem longe, e desta vez o estrago foi grande, acordei nos braços das Garis, desmaiei com o tombo, mas, não tive nada sério.

Num belo dia de Sol, meu pai pediu para fazer  compras,voltando para casa, passei  a mais de 40 km em um quebra mola,  a dianteira da bicicleta  tocou  no chão soltando o para-lama que ficou preso somente pelos seus garfos, girando junto com o pneu, onde ao tocar o chão, travou a roda e me arremessou a uns 5 metros de distância, levando assim meu terceiro tombo, fiquei todo arranhado, parecendo que tinham me tirado o couro todo, mas o pior estava por vim, meu pai confiscou a minha bike.

A minha adolescência foi marcada de muito trabalho e estudo, e a bike era só para uso exclusivo em serviços, mas, sempre dava um jeito de escapar e me diverti com meus irmãos pedalando.

Em casa nunca faltou  bike, meu pai tinha uma Monark barra forte, que andava sempre linda e arrumada. Ele trabalhava na Antiga SUCAM e fazia muitos trabalhos em campo, e lhe forneciam uma bike barra forte da Caloi toda preta, a única concorrente das Monark’s. 

Moramos um período em  Barrocas, e esta época eu e meus irmãos exploramos ao máximo nossa adolescência, nas horas vagas saímos em busca de aventuras, corríamos todos os trechos e estradas de chão em busca de rios e tanques para nos banhar e pescar, tudo sorrateiramente, pois, nossos pais sempre foram rígidos quanto a questão de diversão, ou seja, diversão zero. Nesta época tínhamos uma Monark Monareta articulada, uma Caloi Ceci e uma Barra Forte da Caloi. Eram essas bicicletas que usávamos na época. No período de plantio saímos para a Roça para plantar Feijão e milho, e eu saia com minha mãe na garupa da Barra Forte, e aproveitava os declives para ganhar uma velocidade e ao me empolgar desci como diz no baianês “avionado” com minha mãe na garupa, ao me deparar com uma bifurcação não deu tempo reduzir, tentei entrar e ai não deu outra tombamos. Minha mãe me esbravejou com toda a razão, mas depois rimos bastante juntos.

Aos dezoito anos fiz o meu primeiro pedal longo, onde sair de Santaluz a Barrocas, pedalando em uma monark Ranger linda toda, fiz o percurso de ida (52 km) em 2:30 horas. Nesta época fui considerado louco, estava tendo um momento único de liberdade. Uma experiência única, e que despertava em mim uma paixão pelo ciclo turismo. Passei muito tempo com essa bike, porem, resolvi experimentar uma moto ficando assim muito tempo longe das magrelas, foi quando levei um tombo e quebrei o pulso, fiquei com raiva das motos, e recomecei a pedalar timidamente. Na época, não tínhamos grupo de ciclismo na cidade, então fazia os meus passeios sozinhos, ou na companhia de um amigo Suelbe Andrade, com o tempo conheci um amigo, o Edson Costa, parceiro nosso nas atividades da Rádio comunitária Santaluz FM,  também fã das magrelas, então o pedal ficou mais atraente, começamos a desbravar outros territórios. Com o passar do tempo descobrir que tinha uma galera que estava iniciando algumas atividades no ciclismo, foi ai que me aproximei do grupo o Equipe Trilhar Saúde e Aventura. 

Minha participação junto ao ETSA, marcou muito a minha vida, pois, passei a pedalar com mais constância, estar com a galera me fazia bem, pedalar com eles era motivo de satisfação e alegria. O grupo me aceitou,  de tal forma que me escolheram para dirigir o grupo, inúmeras aventuras vivenciamos juntos, onde podemos somar dezenas de passeios, desafios e conhecemos juntos trilhas e lugares maravilhosos por esse sertão baiano. 

Dentre os passeios gostaria de destacar os mais desafiadores, como o de Jacobina, onde eu e meu amigo Joel Rios, saímos de Santaluz com destino a Jacobina numa sexta-feira, no sábado fomos conhecer a vila de Itaitu e a cachoeira Véu de noiva, no domingo retornamos para Santaluz via estrada de terra passando pelo distrito do Pereira e Riacho da onça, pedalamos 80 km, com muita areia solta e as chamadas “costelas de vaca”, no total foram 415 km em três dias. O Segundo passeio que destaco foi o desafio de Santaluz a Canudos, onde pedalamos mais de 200 km em um dia, nesse pedal eu tive a companhia de Maurão com sua Bike de Aço e seu Pedro do Baú. Recentemente fiz o passeio de Santaluz a Itiúba ida e volta por estradas vicinais na companhia de Alcides Monteiro e Pedro o “Pepeu’, pedalamos um total de 240 km em dois dias.

Sou apaixonado pela vida, pelas pessoas e pela natureza, e a bike é uma companheira que nos leva a lugares maravilhosos, vislumbrando imagens que nenhum outro transporte  propicia. Pedalar é uma sensação única de liberdade e contato direto com a natureza, não pretendo me separar dessa magrela nunca, e farei sempre o máximo para que outras pessoas possam experimentar esse sentimento de liberdade. Sou muito feliz e saudável pedalando.

Att.

João Garcia






2 comentários:

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  2. amei ler o relato de vcs e ri um bocado dos tombos. Muito boa essa idéia de registrar o amor pela bike.Bom que todos da TSA escrevessem suas memórias em duas rodas. beijos amigos.

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